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Joana

um mundo cheio de histórias para contar

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21
Nov16

Um amor chamado chá

Joana Santos
Uma das memórias mais antigas que tenho é a de estar na casa da minha bisavó, mãe da minha avó materna, num fim de tarde qualquer, provavelmente, à espera de que a minha avó me fosse buscar para jantar. Enquanto esperava, fiz aquilo que outras tantas vezes já tinha feito: remexi em todas as gavetas da minha bisavó. Esse ataque de cusquice levou-me até umas ervinhas que estavam dentro de um saco e eu, curiosa, quis perceber o que era. A minha bisavó ferveu água e juntou as ervinhas. Minutos depois, deitou o conteúdo para dentro de uma chávena e disse-me (ainda consigo ouvir a voz dela): "É chá de príncipe.". Eu, sonhadora e sempre a inventar histórias na minha cabeça, devo ter pensado que aquele chá — de príncipe — me iria levar para o mundo encantado das histórias que acabam sempre em "Viveram felizes para sempre.". Este momento é o primeiro da minha vida em que me lembro de ter provado chá.
Depois disso, e por ter uma mãe que gosta de ter sempre saquinhos de chá em casa, nunca mais parei de o beber. Nos últimos anos, com a mudança para o Reino Unido, beber chá tornou-se uma prática ainda mais comum, pois aqui há chás de todos os sabores e cores por onde quer que passemos. Bebo quando acordo, depois do jantar, antes de adormecer e nas pausas do trabalho.


Olho para o chá como um conforto — algo que me acalma. Nos dias mais frios, levo-o num termo e aproveito a sua companhia. Nos dias mais quentes, adoro-o gelado, para me refrescar dos pés à cabeça. Recentemente, tomei a decisão de deixar o café e, por isso, o chá tem sido ainda mais um amigo a manter por perto.
E é por ter este amor (quase vício) pelo chá que me juntei a um grupo do Facebook, criado pela Mariana, do blogue Chá & Girassóis, chamado Uma Xícara de Chá. Gosto de lá estar e gosto daquelas pessoas, mesmo sem as conhecer, porque partilhamos o gosto pela mesma coisa, encaramo-la da mesma maneira e em conjunto aprendemos todos um pouco mais. Ter passado a pertencer a este grupo fez com que os meus olhos passassem a olhar para o chá com ainda mais gosto e a querer experimentar cada vez mais este mundo.


Por causa do chá, ja descobri mil e uma casas de chá lindas de morrer, tanto pelo Reino Unido como por Portugal, já provei um típico chá das cinco em Cambridge e já conheci muitas pessoas com o mesmo vício, como o senhor que, uma vez, no Campo Pequeno, me ofereceu um saquinho de chá do Jardim da Boa Palavra, ervas biológicas que vêm acompanhadas de poemas.
Os chás que me acompanham os dias, neste momento, são os da Pukka, especiamente os de limão e gengibre. O chá de boa digestão da mesma marca também me tem ajudado muito depois de refeições pesadas e o de equinácea e frutos do bosque protege o meu sistema imunitário.
Ontem, fui a um lugar a que já queria ir há muito tempo: o museu de chá da Twinings, a famosa marca de chá inglesa. E sabem o que é que eu descobri? Que o chá foi trazido para este país por Catarina de Bragança, a mulher do nosso Rei Carlos II. Exactamente, hoje, os ingleses não sobrevivem sem chá por causa dos portugueses! O museu conta a história de como o chá passou a ser presença obrigatória em qualquer evento social brintânico e lá podemos encontrar muitas fotografias e textos da época que exemplificam isso mesmo. Para além disso, as paredes estão cobertas de centenas de embalagens de chá, que podemos comprar e levar connosco para casa, e de muitos utensílios para desfrutar de uma boa chávena de chá da melhor maneira. É difícil não querer trazer tudo para casa. Não aconteceu, mas, pelo menos, tirei umas belas ideias para prendas de Natal.
Entretanto, enquanto não me volto a encontrar com lugares e pessoas que tal como eu vêem o chá como muito mais do que uma bebida, deixo-me ficar aqui, enrolada na manta, a deliciar-me com o cheiro e o sabor destas ervas até adormecer. Talvez até esteja a descobrir a minha nova favorita de meditar...


Com amor, 

Joana

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