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Joana

um mundo cheio de histórias para contar

Joana

um mundo cheio de histórias para contar

14
Out16

We are all one

Joana Santos
Ontem, durante um jantar, dividido entre uma italiana, doisportugueses (um deles metade brasileiro) e um britânico, ouvi várias vezesalguns pré-conceitos associados aos cidadãos do mundo. Dei por mim a proferir frases como “Nota-se logo queés italiana: basta olhar para ti a falar com as mãos.” e ouvi outras como “Issoé porque vocês são ingleses: falam, falam mas só querem é ficar em casa semtrabalhar.”. Pelo meio, ainda acusámos os americanos de serem pouco sociáveis ebastante convencidos. No dia anterior, a minha professora de yoga disse-me,durante uma conversa sobre alimentação, que, por ser portuguesa, eu não era decerteza vegetariana.
Fuipara a cama a pensar na quantidade de ideias estapafúrdias que construímos acercados outros. Achamos que os ingleses não têm piada, que são frios e distantes;achamos que os japoneses só comem arroz com pauzinhos; que os australianos sãotodos altos e louros. Fazemos piadas sobre a lentidão dos alentejanos erimo-nos dos que vivem no Este de Londres porque juramos a pés juntos que são “preguiçosos”a falar, engolindo os t.
Nãoque o façamos por mal. Na verdade, está-nos no sangue. Achamos nos outrosdiferenças e agarramo-nos a elas para as usar como representação de cadacultura. Sentimos que isso é necessário para justificar as divisões destemundo. Mas, na verdade, se pensarmos bem todos somos um pouco como todos osoutros.
Quantasvezes são as que um lisboeta, tal como um eastlondoner, dá por si a dizer aspalavras pela sua metade: shprar, sclher?Quantas vezes não partilhamos gargalhadas, enquanto bebemos uma pint, com o nosso amigo inglês? Quantasvezes não damos por nós aos berros, no meio do autocarro, a gesticular semparar, porque os gestos e a voz dão mais vida às histórias que contamos?Tantas. Tantas vezes. A toda a hora.
Hájaponeses muito brancos. Australianos negros. Turcos de olhos azuis e cabelos louros. Senhoras indianas que, afinal,são portuguesas como nós. Os italianos não comem só pizza e massa. Háportugueses que sobrevivem sem carne e britânicos que comem mais do que ready meals. Há muçulmanos que vão aFátima e que abraçam cristãos. Cristãos casados com muçulmanos. Portuguesesaltos e brasileiros que não gostam de funk.

Edesenganem-se: não vale a pena usar o argumento da maioria. É por nosabraçarmos a essa ideia que acreditamos que o mundo é todo como o vemos. E nãoé. O mundo é muito mais do que ideias que criamos no nosso imaginário. É por acreditarmosnos nossos preconceitos que olhamos para o outro como se ele não fosse um denós. Porque, sejamos honestos, não faz mal ao mundo que achemos que um italianosó come pizza, mas, ao acreditarmos piamente naquilo que se diz sobre os que praticam determinada religião, os que são dedeterminada cor de pele, os que foram levados a imigrar pelas circunstâncias davida, acabamos a deixar o mal entrar no nosso coração. Criam-se fronteirasfísicas e mentais, fecha-se o mundo e acabamos sozinhos. E não é para isso queaqui estamos. Todos nós pisamos o planeta terra. Todos nós temos os mesmossonhos: ser felizes e estar bem de saúde, ter uma família e um tecto. Todos nósescutamos, à noite, antes de adormecer, o bater do nosso coração. E todos nóssabemos que partilhamos esse som com cada ser, por muitos quilómetros que oseparem de nós.  

Com amor, 
Joana


Imagem retirada da Internet

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