Cuidar do meu corpo envolve alguns passos fundamentais: acordar devagar, meditar, praticar yoga e comer bem, evitando ao máximo produtos de origem animal, laticíneos e aquelas gorduras feias e más. Nos dias em que acordo à pressa, em que não tenho tempo para a minha rotina matinal e em que é impossível comer bem, é certo e sabido que vou ressentir-me: barriga inchada, olheiras mais fundas do que o normal e um humor que não convida ninguém a estar perto.
No início deste ano, aproveitei para juntar à minha rotina de cuidado pessoal um outro passo fundamental: colocar na minha pele apenas os produtos em que confio. A pele é o nosso maior orgão e tudo aquilo que nela toca invade a nossa corrente sanguínea, tendo, por isso, impacto na nossa saúde. O excesso de químicos nos produtos de higiene e de beleza conduz-nos a problemas graves, como por exemplo a infertilidade. Sabendo disso, passei a olhar para os rótulos de uma outra forma, procurando neles todos os nomes estranhos: as parafinas (composto químico da família do petróleo), os parabenos (que influenciam o nosso sistema endócrino) e outros que tais.
Nunca fui uma pessoa que se deixasse levar pelas promessas da publicidade, no que toca a produtos de beleza. Sou muito minimalista no que a eles toca: são raras as vezes em que me maquilho, não acho que a minha pele precise de ser "brilhante e sem rugas, livre de imperfeições" - porque as rugas, as borbulhas e as imperfeições existem e, sobretudo, acredito que somos muito mais do que aquilo que as imagens sem um cabelo fora do sítio que aparecem na televisão nos fazem crer que somos.
Por isso, tornou-se muito claro perceber:
1. que químicos existiam nos meus produtos de higiene e beleza;
2. para que empresas ia o dinheiro que gastava nesses mesmos produtos.
Fiz uma rusga à minha casa de banho e inspeccionei tudo o que por lá havia. De um lado, ficaram os produtos que, obviamente, tinham de desaparecer dali. Do outro, os produtos que, tendo em conta os dois pontos acima, estavam aprovados para ficar. Claro que os que receberam pontuação negativa eram mais do que aqueles que receberam pontuação positiva. Mas a verdade é que não os deitei logo fora: a sustentabilidade é algo muito importante para mim, não só a nível ecológico como a nível económico. Por isso, não tendo assim tanto dinheiro para investir, naquele momento, em renovar todos os produtos que usava, decidi gastar todos aqueles que não eram testados em animais.
Através de uma lista da PETA percebi quais são as empresas que testam os seus produtos em animais ou que os vendem a países onde o testes destes produtos é obrigatório. Desde que o Oreo, o nosso gato, veio fazer parte da nossa família que a causa animal faz-me cada vez mais sentido. E é muito difícil para mim lidar com tudo aquilo que provoque dor a um animal. E é inquestionável que todos estes testes são formas de tortura. Por isso, todos os produtos que servem interesses de empresas que constavam nesta lista foram parar ao lixo.
Fui substituindo, aos poucos, alguns produtos e, como ainda estava em Londres nesta altura, arranjei produtos de grande qualidade por um preço sustentável para a minha carteira. Experimentei muita coisa, tornei-me fã de umas e jurei para nunca mais outras. Mas foi o início de uma viagem interessante, que me levou por muitos outros caminhos.
Comecei a pesquisar sobre o conceito delixo zeroe a incluí-lo também nas minhas compras: passei a preferir produtos livres de plástico e com embalagens reutilizáveis ou produtos que durassem mais tempo do que o tempo normal que dura um produto destes.
Quando regressei a Portugal, percebi que, apesar de haver uma crescente preocupação com os produtos que escolhemos para o nosso dia-a-dia, ainda há pouca oferta e a que há custa bastante. Portanto, procurei novas alternativas: o comércio justo, a agricultura biológica e o apoio de iniciativas que vão ao encontro dos meus valores. Foi assim que descobri pequenos produtores, como é o caso da Mirística, da Sente Senas Naturais, da Panos da Vera e da VeganCare. É aqui que adquiro, actualmente, a maioria dos meus produtos. E é tão bom quando recebo as encomenda sentido que aqui aconteceu uma troca mútua: fiz o bem a que bem me faz e vice-versa.
Deixo-vos uma série de imagens de produtos que fui comprando ao longo desde (quase) ano de mudança, acompanhada de uma pequena descrição dos produtos.
Um champô em barra, um sabonete para o corpo, um sabonete para a cara e um batom hidratante. Estes produtos são produzidos pela Sofia Vieira, da Vegan Care, em Portugal. Não são testados em animais, são orgânicos e biológicos. Todos eles duram bastante: os dois sabonetes que comprei anteriormente duraram-me quatro meses; o champô durou dois. Tudo isto por um preço justo e comportável. São mesmos estes, não procuro mais.
Estes dois produtos são da Sente Senas Naturais: um desmaquilhante e um creme diário. Não os uso regularmente, mas sim apenas quando coloco maquilhagem. Ambos têm um cherinho bastante agradável e deixam a pele macia e cuidada. São feitos com óleos e essenciais e muito amor.
Outro produto que adoro da Sente Senas Naturais: o meu creme do corpo de manteiga de karité. Feito com ingredientes provenientes de comércio justo, é cremoso para que a pele fique bem hidratada. O desodorizante é da Elisa Câmara, à venda no Celeiro, e, embora tenha feito bem o seu trabalho, vem numa embalagem de plástico impossível de reutilizar. Quer isto dizer que continuo na busca por um bom desodorizante!
Continuo em busca do amaciador perfeito também. Os que experimentei mais recentemente foram o da Elisa Câmara, de jojoba, o de brócolos da NeoBio, à venda no Bio Mercado, e o de rosa da Lavera. Não gostei dos dois primeiros: gastaram-se bastante rápido e não tinham a textura de que o meu cabelo precisa. Mas adoro o último, pois cheira mesmo bem. Ainda assim, todos eles vêm em embalagens de plástico e, por isso, não vão ser os escolhidos. Nas imagens estão ainda a minha pasta de dentes (embora venha numa embalagem de plástico, já a comprei duas vezes, pois tem sido a melhor de todas as que tenho experimentado) e o desodorizante do momento (com cheiro a menta, é o ideal para a minha pele mas continua a conter plástico e a ser demasiado caro). Foram ambos comprados no Celeiro.
Estes foram encomendados à Mirística. Adorei o efeito branqueador da pasta de dentes, mas, para ser honesta, manchou-me o lavatório da casa de banho e deixou tudo à sua volta muito gorduroso. Por isso, não voltei a encomendá-la. Ainda assim, adorei o serviço desta marca portuguesa de cosmética biológica e, por isso, tenho uma lista de produtos que tenciono encomendar numa próxima vez, como o creme de corpo e as nozes de saponária. O desodorizante ainda está por terminar: durante o verão, senti que não estava a funcionar muito bem nas minhas axilas, mas, com a chegada do tempo mais frio, tenciono usá-lo. Confesso que, ao início, foi estranho não ter o roll-on e colocar o desodorizante com os dedos, mas depois habituei-me e passei a adorar o facto de ter sempre as axilas suaves. De todas as marcas, esta é a que mais me deixa contente: as embalagens são de vidro, podendo, por isso, ser reutilizadas.
Trouxe estes do Celeiro, porque eram da marca que usava em Londres: um desodorizante, um creme do corpo e um champô. Adorei o cheiro, a forma como deixavam o meu cabelo, pele e axilas... Mas o preço deu-me conta da conta bancária. E, por isso, decidi não lhes voltar a dar uma oportunidade.
Estas Humble Brush vieram de Londres e foram um presente da minha querida amiga Mónica. São ecológicas, feitas de bambu e muito duradouras. Além disso, a marca compromete-se a utilizar parte do dinheiro investido na compra das escovas de dentes no apoio a países em desenvolvimento. Ganharam o meu coração.
Este é, sem dúvida alguma, o meu creme de rosto favorito. Descobri-o ainda antes de ir para Londres, nas lojas Organii, mas era impensável comprá-lo, pois é extremamente caro. No Reino Unido, consegui comprá-lo por menos de metade do preço a que ele custa aqui. Usei, durante muito tempo, o creme de noite e o creme de dia. Até regressar a Portugal! Sinceramente, nunca houve nenhum creme que fizesse tão bem à minha pele quanto este, mas, para mim, não faz sentido gastar tanto dinheiro quando posso apoiar pequenos produtores que têm cremes de rosto bastante bons também.
Comprei este champô por engano na loja Amor Bio. Obviamente, não queria trazer um champô para bebé que quase não penetra no couro cabeludo nem faz espuma nem tão pouco tem cheiro. Demorei um verão inteiro a gastá-lo. E, honestamente, se eu tivesse um bebé cá em casa comprava-o novamente.
Antes de descobrir a Sente Senas Naturais (o que aconteceu no Festival Músicas do Mundo), era este o creme de corpo que utilizava. Cheira tão bem, mas gasta-se tão depressa. E o recipiente é de plástico. Portanto, no-no.
A Mariana, do blogue Chá&Girassóis, deu-me a receita do seu amaciador feito com chá de camomila e vinagre. Decidi dar-lhe uma oportunidade, uma vez que não estava a encontrar amaciadores que me satisfizessem. (E ainda não encontrei, na verdade.) Utilizei uma embalagem de champô vazia e passei a colocar esta mistura no cabelo depois da lavagem. O meu cabelo ficou bonito, com um tom dourado, leve e macio. Mas desisti desta opção quando, um dia, depois de dar um mergulho na praia, senti um cheiro muito forte a vinagre vindo do meu cabelo. Ew.
Os meus champôs e amaciadores do coração, antes de descobrir a versão em barra da Vegan Care. O cheirinho agradável e o compromisso sustentável fizeram com que os procurasse em Lisboa. Apenas os encontrei no Centro Comercial Amoreiras e a um preço muito acima daquele a que o comprava em Londres. Por isso, risquei-os, com muita pena minha, da lista.
Também em Londres, encontrei por 5 libras um desodorizante que não é mais do que uma barra de sal. Durou-me seis meses, até ter de o dar a uma amiga porque deixou de prevenir o cheiro da transpiração. Sim, gente, ela existe. Por 1,75 libras, comprei um sabão de azeitona, bastante cheirosinho, mas que me entupiu a banheira. Óptimo.
Se forem ao Reino Unido, tragam de lá um batom destes. Sabe tão bem! É feito de mel e hidrata até mesmo os lábios mais secos.
Posto isto, um resumo. Encontrar o produto perfeito leva tempo, mas se tivermos bem claro aquilo que procuramos (ingredientes sustentáveis, preço sustentável, sem testes em animais, contribuição para o movimento lixo zero, comércio justo e apoio a pequenos produtores) a tarefa é facilitada. Em Portugal, existem bastantes projectos feitos com o coração que trazem até nós o melhor para o nosso corpo.
"Coaching é um processo de desenvolvimento humano que visa apoiar as pessoas a atingir os seus objetivos (pessoais ou profissionais), através de uma metodologia, técnicas e ferramentas específicas, estabelecendo-se através de uma relação de parceria entre o coach e o coachee (quem beneficia do processo). O coach apoia o coachee a tornar-se a melhor versão de si mesmo. Ajuda-o a crescer, a ver para além do que é hoje e a focar-se naquilo em que se quer tornar."(Fonte: aqui.)
Já há muito tempo que queria fazer esta publicação, mas nunca tinha conseguido juntar todas as palavras necessárias para a construir. Ainda não sei se as tenho completamente, mas, hoje, ao olhar para o meu "Plano de Vida na Porta do Frigorífico", sorri tanto com o coração que decidi partilhar convosco a viagem que tem sido o meu último ano.
Há um ano, mudei-me para uma casa linda, feita à medida dos meus sonhos e ideal para iniciar uma vida a dois. Há um ano, vivia na cidade que escolhi para ser a minha casa e tinha um mundo inteiro por descobrir. Há um ano, a minha vida desenhava-se exactamente como era suposto desenhar-se: um projecto profissional estável que me cabia liderar, dinheiro suficiente no banco para viajar, amigos que falavam línguas diferentes e me mostravam muitos outros lados da vida.
Mas tudo isto não me chegava, não era meu, não me fazia sentido. O meu coração estava constantemente vazio. Arrastava-me para conseguir cumprir tudo aquilo que me pediam: que era suposto ser desafiante e motivante, mas que se revelava aborrecido. Sentia um peso enorme de cada vez que respirava e os meus olhos estavam sempre prontos para chorar.
Um dia, descobri que a pessoa que se sentava ao meu lado, na secretária, durante quarenta horas semanais, tinha cancro. Assim, de um dia para o outro. Esse diagnóstico tinha-lhe trazido uma conclusão: não havia nada a fazer e restava-lhe pouco tempo de vida.
Quando emigramos, qualquer pessoa que se cruze connosco e nos toque o coração torna-se um melhor amigo. Sentimos por aquela pessoa em segundos aquilo que demoramos muitas histórias a construir no nosso habitat natural - o nosso país. Não são precisas aventuras; o percurso idêntico que todos temos a muitos quilómetros de casa basta-nos. Por isso, aquele diagnóstico abateu-se sobre todos os que partilhavam o dia-a-dia com o Luís de forma devastadora.
Lembro-me de que, nesse dia, cheguei a casa com a certeza de que tinha de fazer alguma coisa quanto ao que estava a sentir. Que tinha de falar com alguém sobre aquele vazio no peito, que tinha de perceber como chegar às respostas que me colocava diariamente e que, mais importante do que tudo, tinha de voltar a ser eu.
Ver a vida a desaparecer mesmo ao nosso lado tem este efeito: descobrimos dentro de nós a necessidade de viver.
E foi assim que, no meio de muitas lágrimas e dentro de uma cabeça cheia de dúvidas, escrevi um e-mail à Sónia: a melhor coach de todo o sempre. Pela primeira vez, partilhei com alguém aquilo que realmente sentia: a sensação estranha de que eu não era suficiente, de que não me colocava a 100% naquilo que fazia. Disse-lhe que não me sentia apaixonada pelos projectos dos quais fazia parte e que guardava no coração muitas situações por resolver. E disse-lhe que, sobretudo, sentia muito pouco do que havia de bom para sentir: tinha-me esquecido de como era possível olhar para as pequenas coisas da vida e encontrar felicidade nelas. Tinha-me esquecido de quem eu era.
Hoje sei que, mais do que partilhar com a Sónia, aquele foi o dia em que me permiti a olhar para dentro de mim, com a certeza de que era capaz de me encontrar outra vez.
Juntas, desenhámos um plano: para lutar contras as minhas inseguranças, para trabalhar a minha voz interior e para encontrar, dentro de mim, aquilo que julguei ter perdido. Foi, muitas vezes, assustador. Porque descobri uma série de teias de aranha dentro do meu coração: pedaços da minha vida que julgava já ter arrumado há muito, mas que, na verdade, continuavam ali, bem vivos, a condicionar todos os passos que dava. Deixei de poder fugir deles, de esconder-me, em posição fetal, debaixo do edredão, de arranjar desculpas, de dizer que não era capaz. E isso tornou o medo de falhar num sentimento libertador.
Ao longo deste ano, saíram de mim camadas e camadas de pó. E à medida que me libertei de cada uma delas, encontrei motivos para pôr em prática tudo aquilo que tinha colocado na caixa do "Nunca vou ser capaz de...". Em um ano, tomei a decisão de regressar a Portugal, construí um novo blogue, lancei o meu projecto do coração (Kids Go Zen: Aulas de Yoga para Crianças Felizes), fiz dois cursos, inscrevi-me num terceiro, frequentei vários workshops apaixonantes, conheci pessoas magníficas que me aproximam cada vez mais da minha essência, abri mão daquilo que já não fazia sentido ter na minha vida e reencontrei esta capacidade de sentir. Sentir amor pelo que faço. Sentir confiança quanto ao futuro. Sentir paz em relação ao passado. Sentir força para ser Eu.
Quando iniciei esta viagem, não tinha coragem para dar voz a tudo aquilo que sou, olhava para a minha vida aos bocadinhos e não sabia o que me guiava. Hoje, sei que o crescimento pessoal do último ano trouxe à minha vida a estabilidade e o equilíbrio que há muito procurava e sei também que o amor é a minha base, de onde parto e aonde regresso. Continuo a caminhar ao encontro de mim mesma, confiando na minha capacidade de me fazer feliz.
Sinto-me eternamente grata pela existência da Sónia na minha vida. Sem ela, sem a sua paciência e o seu coração gigante esta viagem de descoberta não tinha sido possível. Obrigada, obrigada, obrigada!
{Quero ainda agradecer também ao Luís, pelo amigo que foi até ao fim e pela inspiração que deixou a todos nós. Porque, de uma maneira ou de outra, todos nos tornámos, através do seu exemplo, pessoas melhores.}
Podem ler mais sobre a Sónia aqui e aqui. E, se vos fizer sentido, falem com ela!
Depois de um mês sem escrever no blogue (por boas razões, prometo), regresso, ironicamente, com uma publicação sobre escrita. Criativa, ainda por cima.
Há um ano que tenho sessões de coaching (hei-de falar sobre isso aqui no blogue) com a querida coach Sónia da Veiga. E, sem querer avançar muitas nas razões que me levaram até ela, porque isso é assunto para uma próxima conversa convosco, um dos primeiros Trabalhos para Crescer que ela me deu foi fazer uma lista de projectos que tinha deixado por cumprir, mas que não queria - ou podia, adiar mais. Dessa lista constavam muitas linhas que, felizmente, hoje em dia, estão quase todas riscadas. Não porque deixaram de fazer sentido, mas porque eu consegui, finalmente, dar andamento a estes projectos pendentes.
Um dos items dessa lista era, exactamente, participar num Workshop de Escrita Criativa. Sempre, desde que me lembro, adorei escrever: imaginar enredos, construir personagens e dar-lhes vida. Mas a verdade é que depois de concluir o curso de Jornalismo a minha capacidade para o fazer era quase nula. As histórias bonitas deram lugar aos factos crus. E era difícil fugir deles. Mas o sonho de escrever um livro não tinha desaparecido e, por isso, decidi que ia voltar a criar uma prática de escrita.
Procurei alguns workshops mas todos eles me pareciam prometer demasiado. E eu gosto de sentir, à partida, logo uma conexão verdadeira com o que me prometem. Por isso, durante um ano, não me inscrevi em nenhum dos muitos que vi. Mas lá veio a querida Rita da Nova, que eu já queria conhecer há muito tempo, depois de alguns anos a segui-la pelos blogues e redes sociais, tornar todo o meu projecto por cumprir realidade.
Quem melhor do que ela para me ajudar a voltar à escrita? Senti logo um grande SIM quando ela anunciou que ia dar um Workshop de Escrita Criativa. Porque a Rita escreve, acima de tudo, de forma cativante. E transparece ser uma pessoa genuína. Por isso, inscrevi-me.
O workshop aconteceu este fim de semana, à volta de uma mesa, com comida deliciosa, chás e águas aromatizadas (feitas pelas mãos das Olívias). E foi tudo aquilo que eu podia pedir. Apresentamo-nos da forma mais criativa de sempre, fizemos exercícios de desbloqueio da escrita e, no fim, aprendemos a olhar para os detalhes para sermos capazes de tornar tudo o que fomos partilhando ao longo daquele dia numa história com princípio, meio e fim. Saí com a certeza de que sou capaz: de me expressar, de forma criativa e de ser eu, verdadeiramente, através de um papel e de uma caneta.
Agora é continuar este trabalho: porque também acredito que a prática é um ponto essencial aqui. Se nunca pousarmos a caneta, trabalhamos a nossa confiança e, pouco a pouco, vamos conseguindo tornar real tudo aquilo que, agora, é apenas um plano na nossa lista.
Obrigada, Rita. E obrigada a todos aqueles que partilharam este dia tão bom comigo.
A Rita já tem datas para os próximos workshops: em Lisboa e no Porto. Por isso, não se acanhem. Falem com ela!
Há algum tempo que andavam a pedir-me esta publicação, pois é das que mais suscita dúvidas, tanto a quem escolhe Londres como a sua casa como também àqueles que só lá estão de passagem. Afinal de contas, qual é a melhor forma de chegar ao centro da cidade partindo dos diferentes aeroportos? E de que forma nos podemos deslocar sem gastar rios de dinheiro? Vamos descobrir.
Na hora de comprar um bilhete de avião com desino a Londres, o aeroporto de chegada pode ter uma grande influência no preço total da viagem. De facto, o único aeroporto que fica no centro da cidade, tornando possível partir e chegar a ele através das linhas de metro, é Heathrow. Este é o maior e mais conhecido aeroporto do Reino Unido. Mas, por ser de tão fácil acesso, é também aquele que recebe os vôos de companhias aéreas mais premium, como é o caso da British Airways e da TAP. Para quem, como eu, tem preferência pela Ryanair e EasyJet (porque há sempre promoções, se estivermos atentos), não há outra hipótese senão a de voar para Gatwick, Luton ou Stanstead (para quem parte de Lisboa, este é, na maior parte das vezes, o aeroporto de destino).
Salvo raras excepções, Heathrow nunca foi o meu aeroporto de chegada ou partida e, portanto, durante estes dois anos, tive de procurar sempre as opções mais em conta para me deslocar de e para os aeroportos alternativos. E cheguei à conclusão de que não há nada melhor do que o EasyBus. O EasyBus é um autocarro que faz as viagens entre o norte, sul, este e oeste de Londres e os aeroportos de Luton, Gatwick e Stanstead. E, se comprarmos o bilhete com algumas semanas ou meses de antecedência, pagamos apenas £1. Ou seja, o equivalente a 1.15€.
Ora, então, o que eu costumo fazer é: compro o bilhete de avião em promoção e, logo de seguida, compro o bilhete de autocarro, para conseguir o melhor preço. Entrando no portal do EasyBus, devem criar uma conta e depois escolher o aeroporto de chegada e o destino mais perto do local onde vão ficar. Por exemplo, chegando a Stanstead podem escolher um autocarro que vos leve às grandes estações de Victoria, Paddington e King's Cross, onde encontrarão outros meios de transporte disponíveis para outros pontos da cidade, ou, então, a zonas mais residenciais como Finchley Road, Golders Green e Stratford. Os autocarros que partem de Luton deixam-vos nos mesmos locais daqueles que partem de Stanstead, acrescentando à lista também a zona de Brent Cross.
Se, por sua vez, o vosso aeroporto de chegada é Gatwick, no sul de Inglaterra, terão à vossa disponibilidade autocarros que vos deixam mais a sul de Londres, como é o caso de Vauxhall e de Stockwell, mas também existe a possibilidade de escolher um autocarro para Victoria Station.
Se o preço não é o suficiente para vos atrair, deixem-me que vos diga que este serviço funciona durante 24 horas. Portanto, mesmo que cheguem ao aeroporto à meia noite, terão sempre uma forma fácil, barata e segura de viajar até ao centro de Londres. E, como Londres nunca pára, em qualquer ponto da cidade encontrarão uma estação de metro ou outro autocarro que vos deixe no exacto local onde ficarão a dormir.
O que eu e o Gui costumávamos fazer nas nossas viagens era tão simples quanto reservar lugares no EasyBus, geralmente até à estação de Victoria, e depois, se já chegássemos muito tarde, apanhar um Uber que nos deixásse exactamente à porta de casa. Em Londres (e, no geral, em quase todo o lado), a Uber funciona muito melhor do que os serviços de táxi.
Existem outras opções, claro. É o caso do Gatwick Express ou do Stanstead Express: comboios rápidos (apenas com três paragens cada um) que nos trazem do aeroporto a sul e do aeroporto a norte de Londres até ao centro da cidade. Usei cada um deles apenas uma vez e porque já não havia bilhetes para os horários pretendidos no EasyBus. A verdade é que, embora sendo mais rápidos, são também muito mais caros: cada viagem custa cerca de £15, o equivalente a 16.90€. Ou ainda o MiniCab, um género de táxi. Esta é a opção preferida de quem chega ou parte de madrugada, mas, tendo em conta que uma viagem pode custar cerca de £100 (113€), nunca foi uma opção minha, que viajo sempre de forma a gastar o menos possível e a aproveitar o mais possível.
Mas e quando chegamos a Londres? Qual é a maneira mais simples de nos desclocarmos?
Em Londres, existe um cartão de viagens, semelhante ao Lisboa Viva ou ao Andante, de seu nome Oyster Card. Eu sei: é um nome engraçado. Este cartão pode ser carregado com valores monetários tão vastos, que vão das £5 até às £100, e permite-vos andar por toda a cidade, de metro, de autocarro e de comboio. Ao chegar a uma estação, dirijam-se a uma qualquer máquina de compra de bilhetes e carreguem na opção Oyster Card. Vai-vos ser cobrado um valor de £5 pelo cartão, que vos é devolvido depois, se assim o entenderem. Para quem apenas está na cidade de passagem, £30 é o suficiente para fazer os percursos turísticos mais habituais em quatro dias. Todo o dinheiro que sobrar, inclusivamente as £5 da compra do cartão, é-vos devolvido no final da vossa estadia. Para tal, apenas têm de se dirigir a qualquer máquina que diga "Oyster Refund".
NUNCA, excepto se só lá estiverem por um dia, comprem bilhetes diários. Muitas vezes, os turistas são levados a pagar mais por um bilhete diário (cinco bilhetes diários, se lá estiverem cinco dias), gastando o triplo ou o quadruplo do que gastariam se carregassem um Oyster Card.
Para quem acabou de chegar para viver, o melhor mesmo é comprar a opção semanal do Oyster, mas apenas válido da zona 1 à zona onde residem. Por exemplo, quando cheguei, estive um mês na zona 3. Mas deslocava-me frequentemente para a zona 1, não só para entrevistas de emprego, como também para visitar amigos e passear pela cidade. Por isso, durante aquele mês, todas as semanas carregava o Oyster e deslocava-me livremente. Quando me instalei na nova casa e percebi a zona em que ia trabalhar, passei a adquirir o "passe" mensal, entre a zona 1 e 3: morava na 2, trabalhava na 3, mas, nas minhas folgas, passeava também pela zona 1, pelo que me compensava mais ter as três zonas de metro. Com o tempo, vão perceber qual é a opção que funciona melhor para o vosso estilo de vida.
Espero ter-vos ajudado! Caso precisem de dicas mais concretas ou ajuda específica na compra dos bilhetes, falem comigo! O e-mail é: onbeingjoana@gmail.com! :)
Há quem o visite em Sesimbra, onde abriu portas em 2015, mas a verdade é que é no Princípe Real que ele fazia verdadeiramente falta. Numa das ruas inclinadas desta zona antiga de Lisboa, esconde-se uma mistura entre café vegetariano e mercearia biológica: o Aloha Café.
Levada por uma boa pontuação na app Zomato e pela curiosidade de provar os pratos que via pelas redes sociais, escolhi este espaço para um almoço de amigas. Inicialmente, agradaram-me as sobremesas de chocolate na montra e depois encantei-me com a decoração do interior. Reparei que havia mais estrangeiros do que portugueses e muitos deles atrás de um computador, compenetrados, provavelmente a trabalhar. A organização das mesas e o ambiente calmo convidam a isso mesmo.
Depois de encaminhadas para aquela que iria ser a nossa mesa, foi-nos explicada a ementa: ali tudo é biológico e o mais sazonal possível. Não há espaço para ingredientes de origem animal, mas, em cada prato, encontramos um equilíbrio.
Escolhemos hambúrgueres de seitan, acompanhados de batatas doces fritas e dois sumos de ananás. Fugindo dos alimentos processados, o hambúrguer é servido em pão alemão, da marca Miolo, que está também à venda na merceria do restaurante.
Para rematar, à mesa chegou um salame de chocolate com cobertura de coco de comer e chorar por mais.
De lá, levo a certeza de que quero voltar para experimentar o menu brunch e explorar a mercearia biológica para quem, infelizmente, já não houve tempo.
Prometi que vos contava a história das casas onde vivi durante os meus dois anos em Londres e vou cumprir. A verdade é que gosto de falar delas, porque cada uma significou uma etapa diferente e cada uma guarda uma parte da minha vida naquela cidade.
Antes mesmo de ter embarcado nesta aventura, já sabia qual seria o primeiro lugar onde ia parar. Encontrei uma casa perfeita, no bairro de Leytonstone, graças à ajuda preciosa da minha professora de yoga, a Marina. Ela conhece sempre alguém em alguma parte do mundo, graças às viagens que faz. Por isso, falou com uma amiga, a Jessica, também professora de yoga, que por sua vez falou com a Ros, uma senhora muito querida e extremamente preocupada com a natureza e o ambiente, que construiu uma casa sustentável e alugava os seus quartos no AirBnb.
Quando conheci com a Ros e vi as fotografias daquela que ia ser, durante um mês a minha casa, fiquei mais do que encantada. A casa era enorme, cheia de sol, de janelas altas e ladeada por um quintal biológico. Para além da dona, só partilharia a casa com uma gata, chamada Kitty.
No dia 30 de Junho de 2015, tremia quando abri aquela porta da Wallwood Road. Hoje, ainda me lembro do cheiro daquela casa, do sabor do pão de todos os pequenos-almoços e da primeira chuva que vi cair pela janela do quarto.
Na cozinha não entrava carne, o lixo orgânico era levado para a compostagem e à porta de casa deixava sempre os meus sapatos, para os trocar por uns chinelos felpudos que a Ros tinha sempre disponíveis. O meu lugar preferido era a sala: livros sobre permacultura, sobre economias circulares e medicina natural enchiam as estantes e havia sempre um chá quente para acompanhar as minhas tardes naquele lugar.
Fiquei mais do que o tempo inicialmente combinado porque me sentia genuinamente bem ali: foi lá que aprendi a ter confiança para falar inglês, que comi o melhor crumble de framboesas e que me aventurei pela primeira vez no mundo do vegetarianismo. Foi a única casa que partilhei com alguém inglês.
De lá, depois de três viagens de ida e volta, cheia de sacos e comida a descongelar, mudei-me para Finsbury Park, mais concretamente para Moray Mews. Apaixonei-me pela casa assim que a vi: colorida, com um cheio a tarte de ruibarbo, gigante e com um quarto a mais para que pudesse trazer quantas visitas assim desejasse.
Partilhei-a durante oito meses com um casal francês e foi nela que vivi os momentos mais surreais de toda a minha vida em Londres: o vidro do forno que explodiu, os alarmes de incêndio a dispararem sem razão, uma passagem de ano para a qual ainda não arranjei descrição possível. Foi também lá que recebi as primeiras visitas: a minha mãe, o meu pai, muitos amigos e até de uma pessoa que, embora não conhecesse, ficou por um mês, e tornou-se das mais importantes naquela cidade.
Foi aqui que pude, pela primeira vez na vida, decorar o quarto ao meu gosto: cor de rosa e cinzento, com uma fita de luz por cima da cama. Foi também aqui que construí a minha primeira árvore de Natal longe de casa, que descobri o quão bons são ovos mexidos com torradas e que comecei a perceber que a Joana que tinha voado para Londres, munida de poucos planos e muitos sonhos, tinha crescido e construído para si própria um caminho feliz.
Às vezes, tenho saudades da chuva a cair no telhado e de adormecer a olhar para o céu, através das janelas no tecto por cima da minha cama. Às vezes, tenho saudades de ver os aviões a sobrevoarem o quarto e das dúvidas que a vida me trouxe naquela altura. Às vezes, tenho tantas saudades daqueles dias só porque, aquilo que se seguiu, foi a época mais feliz de toda a minha vida naquela cidade. E eu adorava vivê-la outra vez.
Num momento de incerteza, saí daquela casa e fiquei uma semana num estúdio duas ruas abaixo daquela. Foi o sítio mais estranho onde vivi: a casa era húmida, sem espaço para tudo aquilo que fui acumulando e cheirava a kebab, culpa de um café turco por baixo do prédio. Tenho muito poucas memórias dessa semana, mas recordo na perfeição o dia em que, de malas arrumadas, fechei a porta do número quatro de Fonthill Road e dei início a uma vida nova do outro lado da cidade.
Dias antes, tinha conhecido o Gui e o André. O Gui é hoje o meu namorado e o André o nosso melhor amigo. Mas nem sempre foi assim. Em Janeiro do ano passado, eles eram perfeitos desconhecidos, numa cidade gigante, que abriram as portas da Amelia House, em Hammersmith, para tomar conta de mim: o Zé Sem-Abrigo, como carinhosamente me chamaram. Ajudaram-me a transportar duas malas de viagem e sacos infinitos numa viagem de 40 minutos entre o norte e o oeste de Londres. Sentado no banco do metro, o Gui calçou as minhas pantufas e eu percebi que, perto daqueles dois, tudo ia ficar bem.
Seguiram-se três semanas que vou guardar para sempre: sessões de cinema antes de adormecer, conversas sobre a vida pela noite fora, idas a Cardiff sem estar à espera, música e muitas horas passadas a rir por causa de uma ideia inovadora que consistia em abrir uma banca de limonada, chamada LemonHurst. Quis a vida que, no final de Fevereiro, regressasse a Portugal. Despedimo-nos os três, com um abraço gigante, na China Town. Não sabíamos quando nos voltaríamos a ver.
A verdade é que voltei, para fazer uma surpresa ao André, no dia do seu aniversário, apenas um mês depois. Sentia-me verdadeiramente feliz naquela casa, que não era minha. Em Junho, mudei-me definitivamente: desta vez, com certezas e planos.
Passei uma semana a arranjar espaço para as minhas coisas no meio da vida de três rapazes. Tudo isto de forma muito clandestina; afinal de contas, a senhoria não sabia que, naquela casa, de decoração duvidosa, vivia uma rapariga.
Por essa razão, eu e o Gui decidimos procurar uma casa só para nós. Dela falei-vos aqui. Apaixonámo-nos por ela assim que abrimos a porta e foi lá que começámos a construir a nossa família: adoptámos o Oreo, comprámos as nossas primeira mobílias e decorámos a casa com muito amor. Festejámos o Halloween e vestimo-nos de cores natalícias. Demos-lhe até um nome: A Casa do Gato, e convidámos os amigos para a inauguração.
Dela guardo as noites a fazer bolos, o calor dos radiadores que teimavam em não desligar e a vizinha do rés-do-chão que cuscava as horas a que chegávamos das nossas saídas noturnas.
Foi lá que tomámos decisões importantes para a nossa vida, como a de regressar a Portugal, e foi lá também que aprendemos a ser nós os dois, um com o outro. Hoje, sei que, se mudar outra vez, para outro lado qualquer já não mudo sozinha, mas com a melhor pessoa que Londres - e todas estas casas - me trouxe. O Gui.
A aproximação à hora de almoço, deu-me vontade de vos contar tudo sobre aquele que é, para mim, o melhor buffet vegetariano de Lisboa. A combinação entre um espaço cheio de cor, uma recepção calorosa, como se todos nos conhecêssemos há anos, e a promessa de uma comida deliciosa faz do Ohana By Naz, no Parque das Nações, um ponto de passagem obrigatório para todos aqueles que não têm receio de se aventurarem por uma refeição sem produtos de origem animal.
À chegada, somos presenteados com um copo de água com limão, que promete preparar o estômago para uma boa digestão. Afinal de contas, a responsável pelo espaço, Anaisa Rashul, é health coach: aqui tudo é pensado para nos fazer bem.
Através de uma excelente explicação sobre o funcionamento do Ohana By Naz, ficamos a saber que o buffet funciona durante a semana entre o meio dia e as 15 horas e oferece sempre iguarias de uma parte diferente do mundo oriental. Naquele dia, a comida indiana apresenta-se com um cheiro inconfundível a caril, cúrcuma e outras especiarias que dão textura e sabor aos legumes, à sopa, ao falafel, ao tofu e às chamuças que aguardam na mesa. Queremos provar de tudo.
Para acompanhar os pratos, podemos escolher um chá marroquino, sumo de ananás com curcuma e pêra ou sumo de maçã, beterraba e limão.
Aqui por casa, adoramos comida indiana, por isso, sempre que descobrimos um lugar que a saiba cozinhar ficamos desde logo fãs. Conquistados pelo estômago, o que nos leva a querer regressar a este espaço é o sentimento de estar em casa: ohana significa família e é nesse valor que assenta o restaurante. Por isso, é impossível não estarmos à vontade para fazer perguntas, conversar com quem nos preparou o almoço e desfrutar do mundo inteiro que cabe lá dentro. Nas paredes, há candeeiros marroquinos, mandalas pintadas à mão, cestos de inspiração africana e muitas, muitas cores.
Só tivemos pena de não ter conhecido a impulsionadora desta ideia, pois acreditamos que é daquelas pessoas com quem adoraríamos conversar. Talvez no próximo almoço.
Não sou apreciadora de whisky, mas desde que sei da existência do Famous Fest em Lisboa que ando para lá ir. Todos os anos tem sido um constante adiar, mas a edição de 2017 é obrigatória: afinal de contas, no cartaz, está o nome de Clarice Falcão. Sabendo disto - e porque cá em casa não se fala de outra coisa - tenho estado atenta aos preparativos do evento, que acontece no LX Factory, em Lisboa, nos dias 29 e 30 de Setembro. Sob o mote "espera o inesperado", o melhor é mesmo aguardar para ver.
Até lá, há Famous Sessions no Café na Fábrica, uma espécie de "aquecimento" para aquilo que vai ser o festival propriamente dito. Na passada sexta-feira, por exemplo, uma mistura entre Benjamim e Wasted Rita animou a plateia. Eu, que conhecia o trabalho da ilustradora irreverente apenas pelas redes sociais e que não sabia quem era o Benjamim, diverti-me com as músicas de um e os desenhos do outro.
Em cima do palco, o músico passou uma miscelânea de temas, que agradou especialmente aos turistas: despreocupados, abanaram-se, ajudados pelos cocktails e pelas cervejas, enquanto se deliciavam com as tostas e chouriço assado do Café na Fábrica. Na tela, com a ajuda de um marcador, Wasted Rita construiu uma sátira à sociedade mais jovem. Para mim, o melhor de tudo foi a t-shirt onde se lia "betos querem guito", que levou a minha avó a questionar, em pleno Facebook, "quem é que não quer?".
No próximo dia 15, é a vez de os Capitão Fausto darem música ao público, seguidos, a 22 de Setembro, do humor de João Quadros e Carlos Pereira. Tudo isto de forma gratuita.
Se por lá passarem, provem o cocktail Penicilin, no bar do The Famous Grouse. Quem avisa, vosso amigo é.
Estava eu, ao final do dia, a cuscar o Instagram quando percebi que uma das minhas pessoas preferidas do mundo dos blogues, a Rita da Nova, me tinha lançado um desafio: responder a 10 perguntas e fazer outras 10 a quem eu entendesse. Portanto, aqui vai:
1. Qual é a tua palavra favorita?
Pode parecer cliché, mas a minha palavra preferida é amor. Porque, para mim, tudo parte dele e tudo a ele volta. É o primeiro sentimento que, ainda sem saber definir, sentimos. É tão simples. É o valor-base da minha vida e é ele que me ajuda a tomar decisões.
2. Se pudesses ser uma pessoa durante um dia, quem serias?
Gosto daquilo que sou e adoro viver a minha vida, mas, se pudesse, gostaria de experimentar viver uma versão masculina de mim mesma.
3. Há dez anos, onde te vias agora?
Há dez anos, ia a meio dos meus catorze, e acreditava que, quando fosse grande, viajaria pelo mundo inteiro sem criar raízes em lado algum. Hoje, embora não viaje tanto quanto gostaria de viajar e tendo criado raízes perto das pessoas que me fazem feliz, sei que sou a mesma pessoa sonhadora que era naquela altura.
4. Que viagem farias agora mesmo, sem hesitar?
Partia para a Índia sem bilhete de regresso. Tenho um fascínio enorme por aquele país e sinto que, quando pisar o solo indiano, vou querer ficar por tempo indeterminado a absorver as cores, os cheiros e a vida. Se me dessem a escolher entre poder visitar o mundo inteiro, excepto a Índia, ou poder apenas visitar a Índia, deixando o mundo inteiro para outra vida, escolheria sem dúvida a última opção.
5. Alguma vez gostaste mais do filme do que do livro? Se sim, qual?
Por norma, quando leio um livro e percebo que existe a versão do mesmo em filme não sinto curiosidade em vê-lo na tela. Prefiro sempre ler: porque me permite imaginar. Quando quebrei a regra, o filme desiludiu-me sempre, por isso, a resposta é não.
6. Preferias que houvesse sempre silêncio ou sempre barulho?
Esta é uma daquelas perguntas difíceis: gosto de um equilíbrio. Às vezes, preciso de barulho. Outras vezes, de silêncio absoluto. Mas a verdade é que é o barulho que me traz energia: adoro ouvir com atenção. Conversas, músicas, risos. Quero acreditar que, se a vida fosse sempre barulho, seria um barulho bom, por isso, é esta opção que escolho.
7. Se a tua vida tivesse um título, qual seria?
À procura da Joana. Porque a minha vida é e sempre foi uma constante procura por aquilo que sou e por descobrir, cada vez mais e melhor, a minha verdadeira essência. Tudo com um objectivo: ser cada vez mais feliz.
8. Qual foi o elogio mais estranho que já te fizeram?
Apelidarem as minhas bochechas de rabinho de bebé. Primeiro, achei que estavam a qualificar a minha pele de macia, mas depois percebi que o que queriam mesmo dizer era que a forma das minhas bochechas e o seu tom rosado fazia lembrar aquela parte do corpo e que isso era extremamente fofo.
9. Cereais primeiro e leite depois ou ao contrário?
Cereais primeiro. Para mim, não havia sequer outra opção possível até que uma amiga me perguntou: "então como sabes que quantidade de leite deves colocar?". Aquilo deixou-me a pensar mas nem por isso alterei a minha forma de comer cereais.
10. O que é que mais gostas em ti?
A minha capacidade de, mesmo no epicentro da tempestade, encontrar uma forma positiva de encarar a vida.
Sempre que termino de vos contar o que tenho planeado e o que penso ser importante sobre viver em Londres, lembro-me de mais uma imensidão de assuntos que não posso deixar por dizer. Hoje, falo-vos sobre o que é o council tax, quais são as scams mais comuns na hora de alugar casa e dou uma de mãe lembrando-vos de alguns papéis que têm de preencher entretanto.
1. Council Tax
Antes de mais, deixem-me dizer-vos que, embora a maior parte dos senhorios deixe a cargo dos inquilinos o pagamento desta taxa ao council, há quem inclua o preço desde logo na renda total e não vos dê a tarefa árdua de se preocuparem com isto. Portanto, se estão no grupo das pessoas sortudas, não queiram de lá sair e ignorem esta parte da publicação (ou leiam, porque nnca se sabe quando vão mudar de casa). Ora, Londres divide-se em bairros e cada bairro tem, por assim dizer, a sua freguesia. Cada freguesia tem um council, que cá é mais conhecido por junta de freguesia. O council é, por exemplo, responsável por garanir que o lixo é recolhido, que os nascimentos são registados e que as famílias encontram escolas para as suas crianças. No entanto, é também a junta de freguesia que gere a ocupação das casas naquele espaço, que, no fundo, lhe pertence. Portanto, para além de pagarmos a renda ao senhorio pela ocupação da sua casa, pagamos uma taxa ao council pela ocupação do espaço de terra. O valor desta taxa é, obviamente, maior quanto mais valiosa for a casa. Portanto, na hora de assinar o contrato não só devem certificar-se do valor de council tax que devem pagar como também questionar o senhorio sobre se é da vossa responsabilidade fazê-lo. Mas não se assustem: não é assim tão complicado. No fundo, só têm de entrar em contacto com o council da vossa área de residência, explicar quantas pessoas residem no mesmo espaço e responder a algumas questões, como por exemplo se todos estão a trabalhar e se há crianças na casa. Porquê? Porque há famílias que, devido aos seus rendimentos, conseguem descontos e isenções no pagamento desta taxa. Os estudantes, por exemplo, também não pagam, mas só se apresentarem um comprovativo em como estão, de facto, a estudar no país.
2. Scams
Já ouvi muitas histórias de pessoas que perderam dinheiro na hora de alugar casa em Londres, por isso é que tratei sempre de tudo com uma agência imobiliária e apenas depois de ler opiniões sobre a mesma. Por isso:
- prefiram sempre agências imobiliárias;
- confiram o que se diz sobre elas;
- não se deixem enganar por descrições maravilhosas de casas;
- vejam se a pessoa escreve bem em inglês e não está a usar um tradutor;
- evitem entrar em contacto com pessoas que usam contas gratuitas de e-mail, como o Gmail ou o Hotmail;
- pesquisem pelo número de telefone fornecido no anúncio;
- não paguem por qualquer tipo de serviço antes de garantirem que tudo é verdadeiro e legal (por exemplo, duvidem sempre que vos pedem uma fee para reservar a casa);
- se algo vos parecer estranho, entrem em contacto com o gov.uk.
3. Papeladas
Quando finalmente fecharem o acordo e assinarem o contrato da vossa casa, podem (e devem) efectuar o vosso registo no médico de família (GP - General Practitioner). Qualquer pessoa tem direito a este serviço, embora o estudantes tenham de ter também um seguro de saúde pivado (feito em Portugal com extensão ao estrangeiro ou feito no Reino Unido). Para se inscreverem, basta perceber quais são as clínicas disponíveis perto da vossa casa e qual delas tem as melhores reviews. Depois, vão até lá preencher papéis e papelinhos (basicamente, o vosso histórico de saúde) e fazer análises e já está! Só entram em contacto convosco se houve algo de errado com as análises, mas a partir do momento em que se inscrevem podem passar a visitar o GP por qualquer motivo de saúde que vos preocupe. Lembrem-se: neste país, as idas ao hospital só são permitidas em casos de doença aguda ou acidentes. Se vos doer a garganta, por exemplo, fora da hora de atendimento do vosso médico de família, podem visitar uma walk-in clinic (uma espécie de Serviço de Atendimento Permanente). Para além disto a partir do momento em que tiverem uma morada fixa ficam aptos a votar (embora não em todas as eleições). Para se registarem, cliquem aqui. É também nesta altura que devem alterar a vossa morada no Cartão de Cidadão (muito importante!) e actualizarem a vossa inscrição consular. Podem visitar o portal online do Consulado Geral de Portugal em Londres aqui. Não se esqueçam de garantir também que contactam o HMRC para alterar a morada associada ao vosso National Insurance Number.
Esta rubrica têm-vos sido úteis? Que outros assuntos gostavem de ver aqui explicados?