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Out16
It's (almost) Christmas Times
Joana Santos
Quando era pequena, adorava o Natal. Fazia uma lista interminável de presentes e enviava-a ao Pai Natal. Na noite de 24 de Dezembro, a visita do velhinho das barbas brancas era certa (obrigada, avô!). Natal era sinónimo de mesa cheia, família junta, muitos brinquedos e roupa novos e, claro, comida boa! Com o tempo, o Natal e aquilo que ele significa foi-se alterando. A família diminuiu: numa mesa habitualmente composta por quinze pessoas passaram a sentar-se cinco. Os brinquedos e roupas substituiram-se por pequenos miminhos com muito amor. A comida continuou a ser óptima. Os cinco descobrimos que o mais importante é o amor que nos une e não os bens materiais que se trocam na Consoada.
Com isso em mente, decidimos partilhar a nova descoberta natalícia. A nós, juntaram-se outros cinco. Dez numa mesa em que o norte e o sul do país se misturaram. Houve bacalhau e polvo, aletria e rabanadas.
Depois, eu mudei-me. Mil e seiscentos quilómetros separaram-nos e, pela primeira vez, o Natal foi à distância de um skype. Mas sem por isso deixarmos de partilhar a confusão (e a alegria) que é ter uma mesa cheia.
Com esta mudança de país, o Natal voltou a dar uma volta de 180 graus. Londres tem um espírito natalício muito acima da média portuguesa. A temperatura gélida de Outubro já nos faz ter vontade de calçar meias de Pai Natal, comprar um pinheiro e começar a decorar a casa com bonecos de neve. Pelas ruas, já se começam a construir as luzes, que acenderão no princípio de Novembro. Nas montras das lojas das avenidas compridas já se vêem tonalidades de verde, vermelho e branco.
Também eu sou inundada de espírito natalício. Estamos a meio do décimo mês e eu só penso nos presentes que quero oferecer. Nos postais que vou enviar. Nas decorações da minha casa nova. Em estar perto da minha família na noite de 24 e no dia 25 de Dezembro.
O Natal continua a ser tempo de dar uma dose redobrada de amor e de miminhos à minha família, mas agora é também tempo de partilhar a festa com o mundo.
Se antes criticava o Natal porque só via consumismo, agora olho para o consumismo com ternura e faço dele aquilo que eu quero fazer: uma maneira de longe estar perto e sentir-me em casa. E porque quando se partilha amor que vem do fundo do coração com o mundo ele nos dá sempre um bocadinho mais, este ano, somos onze à mesa.
Com amor,
Joana