09
Nov16
Love is always the answer
Joana Santos
Novembro ainda só vai no seu nono dia e parece já ter bastante para contar. Hoje, acordámos num mundo completamente diferente daquele em que adormecemos ontem. Hoje, acordámos com o medo no coração, com o choque estampado no rosto, com a incerteza do que aí vem a inundar-nos o cérebro. Hoje, acordámos com a notícia de que Donald Trump foi eleito Presidente dos Estados Unidos da América.
Há 27 anos, caía o Muro de Berlim. Caía o símbolo do ódio que separou uma nação, que matou, que humilhou. Caía a parede de betão construída por um homem com sede de poder e conquistava-se a liberdade. Celebrava-se o amor, a paz, a compaixão entre seres humanos iguais que tinham sido obrigados a esquecer-se desse facto.
Irónico que, no dia em que devíamos recordar-nos desse tão belo acontecimento, tenhamos sido obrigados a considerar a possibilidade de voltarmos a viver num mundo em que a liberdade de acção, de pensamento e de expressão não fazem parte dos direitos fundamentais de cada pessoa. Tudo porque nos esquecemos muito facilmente da História. Adormecemos nas aulas, porque achamos aborrecido, inútil, passado. E depois cometemos estes erros. Acreditamos em alguém vazio de sentido, que joga com as nossas emoções, com a nossa falta de memória. Acreditamos em alguém que nos promete a resolução imediata dos nossos problemas utilizando um discurso simplista e básico, sem nos preocuparmos em ler nas entrelinhas. Ignoramos o discurso racista. Ignoramos o discurso sexista. Ignoramos o ódio no coração. Ignoramos a falta de sentido, de provas, de noção. Confiamos cegamente porque temos medo. E vamos atrás sem ouvir aquilo que realmente nos está a ser dito.
Hoje, recordaram-se esses discursos e essas promessas, como a de construir um muro de betão, igual ao outro, aquele que caía há 27 anos atrás. Hoje, recuou-se no tempo e questionou-se o mundo. Hoje, escreveu-se História. Resta esperar que os nossos piores pesadelos não se tornem realidade. Resta esperar que este seja apenas um curto e inofensivo capítulo dos livros da escola dos nossos filhos, mas que os ajude a perceber que o ódio não é a resposta para o medo. O amor é a resposta. O amor é sempre a resposta certa.